E(n)levo III
Tua larga passada imponente,
Chegada triunfal e inebriante,
Mostram que és, realmente,
O mais ilustre e importante.
Deixas então antever,
Que em tudo, és especial,
Julgo no íntimo de meu ser,
Que apenas tu, poderás ser O Tal.
Pujante Líder da resistência
Seguir-te-emos com abnegação,
Tens tu, toda a magnificência
De nos comandar, nobre Capitão.
Meu marinheiro, Eanes do meu bojador,
Meu amigo, brilhante administrador,
Confesso, à primeira vista… foi amor.
Chegada triunfal e inebriante,
Mostram que és, realmente,
O mais ilustre e importante.
Deixas então antever,
Que em tudo, és especial,
Julgo no íntimo de meu ser,
Que apenas tu, poderás ser O Tal.
Pujante Líder da resistência
Seguir-te-emos com abnegação,
Tens tu, toda a magnificência
De nos comandar, nobre Capitão.
Meu marinheiro, Eanes do meu bojador,
Meu amigo, brilhante administrador,
Confesso, à primeira vista… foi amor.
A Beleza
© The Divine Comedy
A beleza não se explica,
Não se pode quantificar,
É algo que se intensifica,
Como o tempo e seu vagar.
Tão bela nos entranha,
Tal a valsa, tal emoção,
Deixa de ser estranha,
A brutalidade do coração...
Um fervilhar de ideias;
Um fervilhar d'emoções;
Um fervilhar nas veias;
Repletas de ilusões...
A beleza não é exprimível...
É algo brutal, demente,
Uma demanda irreversível,
É inevitavelmente... inconsciente
Beleza, algo que inunda
Que nos faz flutuar,
Algo que nos afunda,
Que não se pode... explicar.
Sub-orbital
Sobe um vazio foguetão,
Repleto em intensidade,
Carente de emoção,
Têmpera e veracidade.
Viajando entre o véu
Da brutal adversidade,
Gorará sempre o céu
Aos pés, da iniquidade.
Reflicta então em seu ser,
E momentânea sobriedade,
Difícil será compreender
O mundo e sua, inexorabilidade.
Viriato Vaz
Repleto em intensidade,
Carente de emoção,
Têmpera e veracidade.
Viajando entre o véu
Da brutal adversidade,
Gorará sempre o céu
Aos pés, da iniquidade.
Reflicta então em seu ser,
E momentânea sobriedade,
Difícil será compreender
O mundo e sua, inexorabilidade.
Viriato Vaz
Soneto Terceiro
De volta aos sonetos
Poesia abandonada
Claro está, esqueletos
Literatura fossilizada
Parecem inacabados
Incompletos versos
Sugerem-se adulterados
Hoje vivem submersos
Serão todos gravados
Ainda que controversos
No final, perpetuados
Poesia abandonada
Claro está, esqueletos
Literatura fossilizada
Parecem inacabados
Incompletos versos
Sugerem-se adulterados
Hoje vivem submersos
Serão todos gravados
Ainda que controversos
No final, perpetuados
Os Jotasilvas - O MAR

Olá MAR, pela primeira vez
Olá MAR, pela primeira vez
Lembro-me de ti
Como se fosse um regresso a casa
Vou sentir a tua falta
O medo de quem não quer partir
E passo por ti
Condenado a sentir um vazio
Na hora de te abandonar
A lembrança de quem quer ficar
Uma passagem que descobri
O adeus, vou partir
O MAR, sou eu e tu
O MAR, és tu e eu
Confesso-me a ti
Momentos especiais ficaram
Lembras-me a vontade
Hoje eu vou ficar
Agarro-me a ti
Confrontando a saudade que sinto
A hora está-se a aproximar
As memórias de quem quer voltar
Um segredo que vou descobrir
O adeus, vou partir
O MAR, sou eu e tu
O MAR, és tu e eu
E passo por ti
Condenado ao vazio
A ânsia de querer voltar
O adeus que não te vou dizer
Espero aqui
Com o MAR controlado
A história de ter um passado
A idade de te conhecer
Vou lembrar-me de ti
O adeus, vou partir
O MAR, somos todos Nós
O MAR, somos todos Nós
© Joana Silva (Privz) & João Silva (Johnny)
Enfim, A Homenagem
Acorda
Teu corpo parece-me gélido
Tão marmorizado o sinto,
Antes por mim percorrido,
Pérfido agora o pressinto.
Não chega a tua paixão,
Teu cheiro que não tem fim,
Não vivo a sofreguidão
De te ver correr para mim.
Não posso, não quero ou deixo,
Fugir toda esta sensação.
Acorda amor com meu beijo,
Fujamos juntos da escuridão.
Acorda, em mim acorda.
Pois eu só vivo para ti.
Acorda amor e recorda,
Aquilo que te prometi.
Tão marmorizado o sinto,
Antes por mim percorrido,
Pérfido agora o pressinto.
Não chega a tua paixão,
Teu cheiro que não tem fim,
Não vivo a sofreguidão
De te ver correr para mim.
Não posso, não quero ou deixo,
Fugir toda esta sensação.
Acorda amor com meu beijo,
Fujamos juntos da escuridão.
Acorda, em mim acorda.
Pois eu só vivo para ti.
Acorda amor e recorda,
Aquilo que te prometi.
Venha, O Samba de Janeiro
Parabéns à dezena
Qu'emociona tod'a nação,
Embora seja pequena,
Inexcedível em emoção.
Nosso estandarte elevam,
Hoje em dia, pouco usual.
Mostram aos que sonegam
O que é ser de Portugal.
Será apenas um jogo,
Qu'inflama, tal metanol.
Ele é a beleza do fogo,
Tão belo é o... futebol.
Só mais um tango argentino,
Melhor que qualquer um.
Pujança tem nosso menino,
Como ele não há nenhum.
Qu'emociona tod'a nação,
Embora seja pequena,
Inexcedível em emoção.
Nosso estandarte elevam,
Hoje em dia, pouco usual.
Mostram aos que sonegam
O que é ser de Portugal.
Será apenas um jogo,
Qu'inflama, tal metanol.
Ele é a beleza do fogo,
Tão belo é o... futebol.
Só mais um tango argentino,
Melhor que qualquer um.
Pujança tem nosso menino,
Como ele não há nenhum.
Praia-mar
A maré pinta as areias
Com imensa plenitude.
Espumando suas teias,
Espalhando tod'a virtude.
E no cedo ela sobe,
Em sua força brutal.
Ainda que se renove
Permanece, quase igual.
Seus tons bailam espelhados
Em tod'a sua imponência,
Deixando-nos inebriados
Tal a sua, magnificência.
Espectáculo prazeroso
Que sua força infligiu,
Momento tão delicioso,
P'ra quem a ele assistiu.
Com imensa plenitude.
Espumando suas teias,
Espalhando tod'a virtude.
E no cedo ela sobe,
Em sua força brutal.
Ainda que se renove
Permanece, quase igual.
Seus tons bailam espelhados
Em tod'a sua imponência,
Deixando-nos inebriados
Tal a sua, magnificência.
Espectáculo prazeroso
Que sua força infligiu,
Momento tão delicioso,
P'ra quem a ele assistiu.
Uma Última Vez
© Tindersticks
Sinto as tuas mãos agrestes
Afastando o meu, do teu peito,
Há muito perdeste as vestes,
Naquele só teu, belo jeito.
Meus lábios roubam-te um beijo
Molhado, apaziguando a revolta,
Mesmo não nos matando o ensejo
Perdura nas asas da reviravolta.
Pouco ou nada será diferente,
Nossos corpos sabem o caminho,
O meu, calará o teu demente,
O teu aguarda-me qual ninho.
Então dá-se a primeira estirada,
Abrindo-nos um novo horizonte,
Tu embainhando minha espada,
E eu, desbravando o teu monte.
Em uníssono somos ritmados,
Seguindo uma só direção.
Nós dois assim motivados,
A receber tamanha explosão.
Tão perto do fim a subida,
Que apaga então tod'o lume.
A vitória foi bem merecida,
Descansemos, então neste cume.
Da Cruz Francisco
Escrevo a Vós
Escrevo a ti Francisco inspirador
Sei o que sinto
E não minto
Apenas sou
Mais do que começou
Escrevo a ti dissimulado
Sabes, não minto
Apenas pressinto
Que o mundo parou
E... reiniciou
Escrevo a ti Rebelo companheiro
Que trazes poesia
O que não acontecia
Quando eras trovador
E escrevias d'amor
Escrevo a ti cancioneiro
Poeta da lasciva
Mestre da repetitiva
Camarada sobranceiro
Meu poeta guerreiro
Viriato Vaz
Sei o que sinto
E não minto
Apenas sou
Mais do que começou
Escrevo a ti dissimulado
Sabes, não minto
Apenas pressinto
Que o mundo parou
E... reiniciou
Escrevo a ti Rebelo companheiro
Que trazes poesia
O que não acontecia
Quando eras trovador
E escrevias d'amor
Escrevo a ti cancioneiro
Poeta da lasciva
Mestre da repetitiva
Camarada sobranceiro
Meu poeta guerreiro
Viriato Vaz
Bem-vindos ao Reino Maravilhoso
Que gelo que aqui está,
P'la escarpa ele aparece,
Embora se diga por cá,
Qu'o sol não desvanece.
Porém o frio não cessa,
No ar já se sente orvalho,
O quente não se apressa,
Não chega um só borralho.
Na terra antes molhada,
No monte assim s'instala.
Já desce a fina geada,
Dando fumo à nossa fala.
No céu já ela desperta,
Matando tod'a ilusão.
Lá cai a alva coberta,
Liguemos então o fogão.
Será então com borrego,
Por cá, tão bem criado.
Por fim me aconchego,
Com tinto aromatizado.
P'la escarpa ele aparece,
Embora se diga por cá,
Qu'o sol não desvanece.
Porém o frio não cessa,
No ar já se sente orvalho,
O quente não se apressa,
Não chega um só borralho.
Na terra antes molhada,
No monte assim s'instala.
Já desce a fina geada,
Dando fumo à nossa fala.
No céu já ela desperta,
Matando tod'a ilusão.
Lá cai a alva coberta,
Liguemos então o fogão.
Será então com borrego,
Por cá, tão bem criado.
Por fim me aconchego,
Com tinto aromatizado.
Duas Mãos Entrelaçadas
- Escrevo com a direita
- Minha esquerda é perfeita.
- A minha mais escorreita
- A minha vá, não te enjeita.
- Tu és metódico e louco
- Tu cancioneiro romântico.
- Deves-me conhecer pouco
- Sei todo teu nível semântico.
- Olha que não estou a brincar
- Eu sei que não meu tonto.
- Julgas que me vais ultrapassar
- Já o fiz, até já não usas ponto.
- Tens razão, são desventuras
- Assim até m'envergonhas.
- As premissas serão puras
- Torna-as também risonhas.
Rebelo da Costa & Da Cruz Francisco
- Minha esquerda é perfeita.
- A minha mais escorreita
- A minha vá, não te enjeita.
- Tu és metódico e louco
- Tu cancioneiro romântico.
- Deves-me conhecer pouco
- Sei todo teu nível semântico.
- Olha que não estou a brincar
- Eu sei que não meu tonto.
- Julgas que me vais ultrapassar
- Já o fiz, até já não usas ponto.
- Tens razão, são desventuras
- Assim até m'envergonhas.
- As premissas serão puras
- Torna-as também risonhas.
Rebelo da Costa & Da Cruz Francisco
Ode ao Camarada Sandman
Ao criador do parentesco
Que vai à linha cruzar,
Seu espírito trovadoresco
Põe toda a curva a cantar.
Pois é bravo pescador,
Barco e nome partilhamos.
Hoje gritamos com fulgor,
Num brinde, comemoramos.
Ele é um bom companheiro
E nos cliques é insano.
Salvas nosso timoneiro,
Alegria a ti, meu Oceano.
Que vai à linha cruzar,
Seu espírito trovadoresco
Põe toda a curva a cantar.
Pois é bravo pescador,
Barco e nome partilhamos.
Hoje gritamos com fulgor,
Num brinde, comemoramos.
Ele é um bom companheiro
E nos cliques é insano.
Salvas nosso timoneiro,
Alegria a ti, meu Oceano.
P'ra Cá da Cortina
Um poema faço por dia
Mais faria se te tivesse
Mas eu só faço poesia
Para quem... a merece
Com toda a'legria
Que tua cara transparece
P'ra lá da cortina nascia
A musa que de lá, não parece
Porém hoje senti tua face
Teu corpo que me fascina
Embora te abandonasse
Minh'alma... já alucina
E sem que o concretizasse
Espera por mim, ó menina
Ainda que m'embarace
Ele será nosso Czarina
Mais faria se te tivesse
Mas eu só faço poesia
Para quem... a merece
Com toda a'legria
Que tua cara transparece
P'ra lá da cortina nascia
A musa que de lá, não parece
Porém hoje senti tua face
Teu corpo que me fascina
Embora te abandonasse
Minh'alma... já alucina
E sem que o concretizasse
Espera por mim, ó menina
Ainda que m'embarace
Ele será nosso Czarina
Mare Nostrum
Mar, preenches continentes e ilhas,
Foste feito da gota de nossas frontes,
A ti não esquecem teus filhos e filhas,
Por entre todos vales e montes.
Ó mar, que teu leito seja perpetuado,
Que acalmes quem em terra ficou,
Sempre serás o sítio encantado,
Para quem tristemente te deixou.
Mar sereno, revolto ou até mau,
Vaidosos te trazemos nas lapelas,
Rogamos, protege nossa nau,
E avante sopra nossas velas.
Meu, teu, nosso amado mar,
Nosso, que te fazemos salgado,
Sempre te iremos lembrar,
Mui nobre manto sagrado.
Foste feito da gota de nossas frontes,
A ti não esquecem teus filhos e filhas,
Por entre todos vales e montes.
Ó mar, que teu leito seja perpetuado,
Que acalmes quem em terra ficou,
Sempre serás o sítio encantado,
Para quem tristemente te deixou.
Mar sereno, revolto ou até mau,
Vaidosos te trazemos nas lapelas,
Rogamos, protege nossa nau,
E avante sopra nossas velas.
Meu, teu, nosso amado mar,
Nosso, que te fazemos salgado,
Sempre te iremos lembrar,
Mui nobre manto sagrado.
São Rosas
Para mim acabou a prosa
Que não me traz carinhos
Prefiro o cheiro duma rosa
Mesmo com seus espinhos
As suas pétalas abrem
Exalam uma demência
Ao cair elas sabem
Que m'acabou a prudência
No seu caule permanece
Um persistente botão
O resistente merece
A minha admiração
Foi o que t’aconteceu
Fino e triste revés
Rosa que pereceu
Foste, não mais o és
Que não me traz carinhos
Prefiro o cheiro duma rosa
Mesmo com seus espinhos
As suas pétalas abrem
Exalam uma demência
Ao cair elas sabem
Que m'acabou a prudência
No seu caule permanece
Um persistente botão
O resistente merece
A minha admiração
Foi o que t’aconteceu
Fino e triste revés
Rosa que pereceu
Foste, não mais o és
Cavalo de Tróia (Diz a Helena)
Chiu! As paredes têm ouvidos,
E os peitos trazem escutas.
Não têm pudor os sentidos
Qu’ingénuos são aquelas putas.
Chiu! Qu’inda nos ouvem,
E a coisa ainda sai mal
Ainda que eles assombrem,
Eu finjo que é coisa e tal.
Chiu! Que já estará quase,
Só me falta ir ao mar
Serei apenas a base
Amor não terei d’ofertar.
Viriato Vaz
E os peitos trazem escutas.
Não têm pudor os sentidos
Qu’ingénuos são aquelas putas.
Chiu! Qu’inda nos ouvem,
E a coisa ainda sai mal
Ainda que eles assombrem,
Eu finjo que é coisa e tal.
Chiu! Que já estará quase,
Só me falta ir ao mar
Serei apenas a base
Amor não terei d’ofertar.
Viriato Vaz
Quando as Costas Estiveram Voltadas
Quando a magia do nosso Rei entra em ação
Nada consegue contrariar tal sensação
Curtir trabalhar e animar
Sempre na boa é o que está a dar
No Reino estiveste
No desconhecido prevaleceste
Do saber do Norte te alimentaste
Mas da minha terra foi a que mais gostaste
Seja gato preto ou branco
Não senti a consideração certa
Sofri, não percebeste o quanto
Mas mantive a alma aberta
Pecado será quem não te admira
E por tal contigo sempre fui correto
Vê lá não soltes a tua ira
Por ser assim tão direto
Oceanus
Nada consegue contrariar tal sensação
Curtir trabalhar e animar
Sempre na boa é o que está a dar
No Reino estiveste
No desconhecido prevaleceste
Do saber do Norte te alimentaste
Mas da minha terra foi a que mais gostaste
Seja gato preto ou branco
Não senti a consideração certa
Sofri, não percebeste o quanto
Mas mantive a alma aberta
Pecado será quem não te admira
E por tal contigo sempre fui correto
Vê lá não soltes a tua ira
Por ser assim tão direto
Oceanus

No Cume
Emito decibéis de poesia,
Puros orgasmos de leitura;
Emito bonanças d'alegria
E cataclismos d'amargura;
Emito toda a incoerência,
Vendavais calmos de tortura;
Emito leves brisas de demência,
E chuviscos secos de ternura;
Emito qualquer inconfidência,
Segredos levo prá sepultura;
Emito sinais de consciência,
E alguns laivos de loucura.
Da Cruz Francisco
Puros orgasmos de leitura;
Emito bonanças d'alegria
E cataclismos d'amargura;
Emito toda a incoerência,
Vendavais calmos de tortura;
Emito leves brisas de demência,
E chuviscos secos de ternura;
Emito qualquer inconfidência,
Segredos levo prá sepultura;
Emito sinais de consciência,
E alguns laivos de loucura.
Da Cruz Francisco
Olhos no Mel
Está frio e a folha cai
No seco que está o chão,
No céu o sol sobressai
A folha entr'em turbilhão.
No ramo ainda balança,
Permanece a verde agora.
A castanha entra na dança
E voando... se vai embora.
Parece que vai chover
O céu está carregado,
Mais uma irá perecer
O chão está já molhado.
O vento que ali vem
Fará a chuva cortada,
A folha já vai além
No meio da enxurrada.
No seco que está o chão,
No céu o sol sobressai
A folha entr'em turbilhão.
No ramo ainda balança,
Permanece a verde agora.
A castanha entra na dança
E voando... se vai embora.
Parece que vai chover
O céu está carregado,
Mais uma irá perecer
O chão está já molhado.
O vento que ali vem
Fará a chuva cortada,
A folha já vai além
No meio da enxurrada.
Faz de Conta Amor
© Tindersticks
Faz de conta amor, faz de conta
Que em vésperas me visitaste
M'agarraste com tuas mãos garridas
A curta roda prontamente largaste
Embarcámos na locomotiva das vidas
Faz de conta amor, faz de conta
Que mergulhámos num turbilhão
Sem qualquer piedade ou dó
No ritmo da sofreguidão
Na dança de sermos um só
Faz de conta amor, faz de conta
Que foste um prado verdejante
Eu estandarte entumecido
Num final de rompante
Juntos num profundo gemido
Faz de conta amor, faz de conta
Que nada disto aconteceu
Façamos os dois amor, tu e eu
Da Cruz Francisco
Revelação, O Final
Adeus ó deusa especial, eu vou partir
Por nobre estrada sinuosa
Sigo a chorar, sempre a sorrir
Minha formosura, minha amargura
Simples maviosa, bela formosa
Um sonho repleto de candura
Que no lirismo é a prosa
Melíades, uma letra em balada
Botão perfeito duma rosa
No meu jardim na minha estrada
Meu peixe grande, meu peixe bom
Meu breu de noite iluminada
Que no silêncio é o som
Harmonia, foste uma estória encantada
Adeus Rainha do meu reino, eu parto agora
Não há mais nada que temer
Chegou altura, chegou a hora
És presente o futuro, és o passado
O ganho no meu perder, tu és a glória
Anel por chamas denunciado
Nas areias revoltadas a esquecer
Nefertiti, minha musa extaseante
Definitiva e provisória
Inspiração de conto edificante
Meu acordar primaveril, imensidão triangular
Minha sombra ensolarada
Na esfinge a rodear
A profecia amaldiçoada.
Adeus ó ninfa do meu mar, eu já parti
Sigo teu leito d'imensidão
Que tantas vezes percorri
Foste loucura, foste maré
Foste ilusão, raio de luz
Uma aventura iniciada no sopé
Manto sagrado, foste a brisa de verão
Oceânidas, uma beleza uma doçura
Porto d'abrigo que me conduz
Ao cume duma montanha de loucura
Foste o brilho no meu céu
A beleza, o meu alvor
Meu sepulcro, meu mausoléu
Adeus ninfa... Acabou amor
Por nobre estrada sinuosa
Sigo a chorar, sempre a sorrir
Minha formosura, minha amargura
Simples maviosa, bela formosa
Um sonho repleto de candura
Que no lirismo é a prosa
Melíades, uma letra em balada
Botão perfeito duma rosa
No meu jardim na minha estrada
Meu peixe grande, meu peixe bom
Meu breu de noite iluminada
Que no silêncio é o som
Harmonia, foste uma estória encantada
Adeus Rainha do meu reino, eu parto agora
Não há mais nada que temer
Chegou altura, chegou a hora
És presente o futuro, és o passado
O ganho no meu perder, tu és a glória
Anel por chamas denunciado
Nas areias revoltadas a esquecer
Nefertiti, minha musa extaseante
Definitiva e provisória
Inspiração de conto edificante
Meu acordar primaveril, imensidão triangular
Minha sombra ensolarada
Na esfinge a rodear
A profecia amaldiçoada.
Adeus ó ninfa do meu mar, eu já parti
Sigo teu leito d'imensidão
Que tantas vezes percorri
Foste loucura, foste maré
Foste ilusão, raio de luz
Uma aventura iniciada no sopé
Manto sagrado, foste a brisa de verão
Oceânidas, uma beleza uma doçura
Porto d'abrigo que me conduz
Ao cume duma montanha de loucura
Foste o brilho no meu céu
A beleza, o meu alvor
Meu sepulcro, meu mausoléu
Adeus ninfa... Acabou amor
Eventualmente
Confesso, que muito tenho pensado
Em encontrar avanço no meu regredir
Depois de ter sido libertado
Não mais precisarei de fugir
E se antes me sentia amarrado
Agora domo a vontade de prosseguir
Talvez me encontre enferrujado
Talvez o momento não seja para sentir
Simplesmente me queira desencontrado
Ou seja altura de deixar sorrir
Por muito que me queira parado
Eventualmente deixarei de resistir
Da Cruz Francisco
Em encontrar avanço no meu regredir
Depois de ter sido libertado
Não mais precisarei de fugir
E se antes me sentia amarrado
Agora domo a vontade de prosseguir
Talvez me encontre enferrujado
Talvez o momento não seja para sentir
Simplesmente me queira desencontrado
Ou seja altura de deixar sorrir
Por muito que me queira parado
Eventualmente deixarei de resistir
Da Cruz Francisco
Eden III
De volta meu jardim poderoso,
Por tantas horas m'acolheste,
Sempre te deste por piedoso,
Cumpriste o que me prometeste.
Fresca é a brisa que passa por ti
E envolve as folhas dos teus ramais,
Uma nova face entre eles sorri
Com alvura que finda jamais.
Sim meu velho amigo formoso,
Inicias agora nova profecia,
Meu paraíso, jardim poderoso,
Sem ti eu nunca venceria.
Por tantas horas m'acolheste,
Sempre te deste por piedoso,
Cumpriste o que me prometeste.
Fresca é a brisa que passa por ti
E envolve as folhas dos teus ramais,
Uma nova face entre eles sorri
Com alvura que finda jamais.
Sim meu velho amigo formoso,
Inicias agora nova profecia,
Meu paraíso, jardim poderoso,
Sem ti eu nunca venceria.
Há Palavras que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
Fénix
Os pássaros não largam o céu,
Apenas acalmam todo este calor,
Trespassando este espesso véu,
Tentam apaziguar um imenso ardor.
Mornos ventos de leste envolvem,
A seara já estéril e fustigada,
Nela as labaredas se dissolvem,
Dando nova vida de cor dourada.
Uma nova era, nova esperança emergirá,
Sob um imenso bálsamo esverdeado azul,
Resguardando a epopeia que ecludirá.
Apenas acalmam todo este calor,
Trespassando este espesso véu,
Tentam apaziguar um imenso ardor.
Mornos ventos de leste envolvem,
A seara já estéril e fustigada,
Nela as labaredas se dissolvem,
Dando nova vida de cor dourada.
Uma nova era, nova esperança emergirá,
Sob um imenso bálsamo esverdeado azul,
Resguardando a epopeia que ecludirá.
Álcool
Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
Batem asas d'auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de côr e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Desce-me a alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de ouro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio d'inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eterizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi alcool mais raro e penetrante:
É só de mim que eu ando delirante
Manhã tão forte que me anoiteceu
Mário de Sá-Carneiro
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
Batem asas d'auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de côr e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Desce-me a alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de ouro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio d'inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eterizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi alcool mais raro e penetrante:
É só de mim que eu ando delirante
Manhã tão forte que me anoiteceu
Mário de Sá-Carneiro
Ciúme
Não vai longe o dia,
Em que a esperança era um facto.
Era assim que o sol sorria,
Esperemos pelo próximo ato.
E todos gostamos de um ramo de rosas,
São bonitas, cheirosas, fatais.
Mas no fim da vida enganosas,
Não são limpas, mas mortais.
Envolvem as massas, fazem-no bem,
Com o ponteiro a badalar,
Escondem espinhos que vêm além,
Encobrem as pétalas a desfolhar.
São maravilhas, ou não serão,
Estarão secos os passados,
E frescos os que lá estão.
Esperemos que recordados,
Os resultados que vos darão,
Jazem os 5 perpetuados,
Vivam os 5 que p'ra lá estão.
Em que a esperança era um facto.
Era assim que o sol sorria,
Esperemos pelo próximo ato.
E todos gostamos de um ramo de rosas,
São bonitas, cheirosas, fatais.
Mas no fim da vida enganosas,
Não são limpas, mas mortais.
Envolvem as massas, fazem-no bem,
Com o ponteiro a badalar,
Escondem espinhos que vêm além,
Encobrem as pétalas a desfolhar.
São maravilhas, ou não serão,
Estarão secos os passados,
E frescos os que lá estão.
Esperemos que recordados,
Os resultados que vos darão,
Jazem os 5 perpetuados,
Vivam os 5 que p'ra lá estão.
As Duas
São ambas um sonho, as belas colinas,
Recordo que timidas se apresentaram.
São as duas, as minhas meninas,
Irresistíveis elas m'encantaram.
Risonhas e fofas, como pele de bébé,
Brilhantes são, exalam formusura.
Deliciosas do cume ao sopé,
Uma perdição, a minha loucura.
E a sua tez, oh, supera a perfeição,
Preenchem-me os olhos, adoçam-me a boca,
As minhas meninas, as duas, que lindas que são.
Recordo que timidas se apresentaram.
São as duas, as minhas meninas,
Irresistíveis elas m'encantaram.
Risonhas e fofas, como pele de bébé,
Brilhantes são, exalam formusura.
Deliciosas do cume ao sopé,
Uma perdição, a minha loucura.
E a sua tez, oh, supera a perfeição,
Preenchem-me os olhos, adoçam-me a boca,
As minhas meninas, as duas, que lindas que são.
Ode ao António Augusto Rebelo
Hoje sinto que vais partir...
Chegará ao fim, tua bonita viagem,
Recordo-te meu herói a sorrir,
Apenas essa... A tua imagem.......
Foram ingratos, estes momentos finais,
O mal crescente que te afastou de nós.
O teu legado cessará jamais,
Teus ensinos são a minha voz.
Foste homem vivido, e segues em paz,
Mostraste-me o mundo em fala e papel,
Agora deixas-me e não olhas p'ra trás,
Docemente abandonas... o teu Daniel.
O destino não nos deixou acabar,
Foi ingrato conforme me preveniste,
O arauto não te deixou perdurar,
Nas suas asas tu me fugiste.
Chegará ao fim, tua bonita viagem,
Recordo-te meu herói a sorrir,
Apenas essa... A tua imagem.......
Foram ingratos, estes momentos finais,
O mal crescente que te afastou de nós.
O teu legado cessará jamais,
Teus ensinos são a minha voz.
Foste homem vivido, e segues em paz,
Mostraste-me o mundo em fala e papel,
Agora deixas-me e não olhas p'ra trás,
Docemente abandonas... o teu Daniel.
O destino não nos deixou acabar,
Foi ingrato conforme me preveniste,
O arauto não te deixou perdurar,
Nas suas asas tu me fugiste.
© Rebelo da Costa