© The Divine Comedy
Enquanto deitas a mão direita
Sobre a minha finíssima pele,
Colocas-te como qu'a espreita
De uma forma que m'impele.
Poisas então teu olhar
Sobre o guarnecido encosto,
Não necessitas perguntar;
"Faço-o, com todo o gosto."
Beijo tuas costas claras
Até os dois pontos finais.
Imperiosa me reparas;
"Sejamos, mais animais."
Fincas então os joelhos
Vincando-me o cabedal,
Vociferas par'os espelhos
De forma algo abissal.
Pingentes, os avantajados,
(Para tal estrutura mediana)
Viajam tão descontrolados,
No sofá de pele italiana.
Teus flamejantes fios
Que me preenchiam a mão,
Voltam a ser como rios
Desaguando noutra direção.
Da Cruz Francisco
3 comentários:
Um misto de fel , sensualidade e elegância ! Bravo maestro .
Dizem que há corridas e Bandit
Para que a arte possa ser arte, não se lhe exige uma sinceridade absoluta, mas algum tipo de sinceridade. Um homem pode escrever um bom soneto de amor sob duas condições - porque está consumido pelo amor, ou porque está consumido pela arte. Tem de ser sincero no amor ou na arte; não pode ser ilustre em nenhum deles, ou seja no que for, de outro modo. Pode arder por dentro, sem pensar no soneto que está a escrever; pode arder por fora, sem pensar no amor que está a imaginar. Mas tem de estar a arder algures. De contrário, não conseguirá transcender a sua inferioridade humana.
Fernando Pessoa, in 'Heróstato'
Enviar um comentário
(Para assinar o seu comentário, seleccione o perfil 'Nome/URL'.)