Entrelaçados
Foi em frente aos violinos
Que vi uma menina simpática
Um pouco melodramática
De fulgores repentinos
E bastante enigmática
Será, qualquer uma das flores
Pois é fresca e viçosa
Um tant'ò quanto teimosa
Espalhando seus odores
Elegante, altiva, graciosa
A tal menina bonita
Dos cabelos acastanhados
(Por aqui, já mencionados)
Dá-nos por fim a pepita
De os trazer entrelaçados
Que vi uma menina simpática
Um pouco melodramática
De fulgores repentinos
E bastante enigmática
Será, qualquer uma das flores
Pois é fresca e viçosa
Um tant'ò quanto teimosa
Espalhando seus odores
Elegante, altiva, graciosa
A tal menina bonita
Dos cabelos acastanhados
(Por aqui, já mencionados)
Dá-nos por fim a pepita
De os trazer entrelaçados
This Train Is Bound for Glory
© Mumford & Sons | Edward Sharpe & the Magnetic Zeros | Old Crow Medicine Show
Ela
Ela passa à mesma hora,
Perto da minha porta.
Momento que não demora,
Momento que mais importa.
Ela desfila na pedra rica,
Com a sua roupa escura,
Mas o qu'em meus olhos fica
É a sua longa envergadura.
Ela vagueia pela madeira
Com beleza de cigana.
Na aridez ela é roseira
Que me leva ao nirvana.
Ela por vezes evita
Comigo ter contacto,
Mas ela é tão bonita
Que me deixa estupefacto.
Ela por vezes é afável,
Riquíssima em simpatia,
Ou torna irrefutável
Toda e qualquer empatia.
Ela traz algo no olhar,
Algo tórrido e febril.
Ela faz-me despertar
O meu passado juvenil.
Perto da minha porta.
Momento que não demora,
Momento que mais importa.
Ela desfila na pedra rica,
Com a sua roupa escura,
Mas o qu'em meus olhos fica
É a sua longa envergadura.
Ela vagueia pela madeira
Com beleza de cigana.
Na aridez ela é roseira
Que me leva ao nirvana.
Ela por vezes evita
Comigo ter contacto,
Mas ela é tão bonita
Que me deixa estupefacto.
Ela por vezes é afável,
Riquíssima em simpatia,
Ou torna irrefutável
Toda e qualquer empatia.
Ela traz algo no olhar,
Algo tórrido e febril.
Ela faz-me despertar
O meu passado juvenil.
É só. E é tudo.
Apetece-me uns cabelos seguros
No topo de uma cabeça
E mesmo que algo aconteça
Que permaneçam escuros
E sua cor não desvaneça
Apetece-me uma boca pequena
Feita de lábios finos
Fonte de desatinos
Inversamente serena
A meus atos libertinos
Apetece-me um pescoço elegante
Estilete enlouquecedor
Para cheirá-lo doravante
Pois ele é deveras cativante
Tão delgado e tentador
Apetece-me umas mãos compridas
Com uns dedos alongados
Muitíssimo bem tratados
Ausentes d'unhas coloridas
Dignas de contos encantados
Apetece-me umas pernas longilíneas
Enfeitadas com estreiteza
Banhadas por singeleza
Completamente retilíneas
E repletas de magreza
Apetece-me uns pés imensos
Com algo de pitorescos
Quase rocambolescos
Delicados e extensos
Deliciosamente gigantescos
Apeteces-me.
É só. E é tudo.
No topo de uma cabeça
E mesmo que algo aconteça
Que permaneçam escuros
E sua cor não desvaneça
Apetece-me uma boca pequena
Feita de lábios finos
Fonte de desatinos
Inversamente serena
A meus atos libertinos
Apetece-me um pescoço elegante
Estilete enlouquecedor
Para cheirá-lo doravante
Pois ele é deveras cativante
Tão delgado e tentador
Apetece-me umas mãos compridas
Com uns dedos alongados
Muitíssimo bem tratados
Ausentes d'unhas coloridas
Dignas de contos encantados
Apetece-me umas pernas longilíneas
Enfeitadas com estreiteza
Banhadas por singeleza
Completamente retilíneas
E repletas de magreza
Apetece-me uns pés imensos
Com algo de pitorescos
Quase rocambolescos
Delicados e extensos
Deliciosamente gigantescos
Apeteces-me.
É só. E é tudo.
O Sofá de Pele Italiana
© The Divine Comedy
Enquanto deitas a mão direita
Sobre a minha finíssima pele,
Colocas-te como qu'a espreita
De uma forma que m'impele.
Poisas então teu olhar
Sobre o guarnecido encosto,
Não necessitas perguntar;
"Faço-o, com todo o gosto."
Beijo tuas costas claras
Até os dois pontos finais.
Imperiosa me reparas;
"Sejamos, mais animais."
Fincas então os joelhos
Vincando-me o cabedal,
Vociferas par'os espelhos
De forma algo abissal.
Pingentes, os avantajados,
(Para tal estrutura mediana)
Viajam tão descontrolados,
No sofá de pele italiana.
Teus flamejantes fios
Que me preenchiam a mão,
Voltam a ser como rios
Desaguando noutra direção.
Da Cruz Francisco
Hoje Estavas Mesmo Bonita II
Juro que trazia o palpite.
E tal intuição não falhou,
Parecia quase um convite
Que meus azuis contemplou.
Estava já algo impaciente;
Nem por serem poucos dias,
Falhou teu cariz sorridente.
(E como eu gosto que sorrias!)
Será, obviamente prazeroso
A todo e qualquer momento,
Mostrares teu lado gracioso
Oferecendo algum provento.
Hoje, hoje estavas mesmo bonita.
Sobre teu pescoço alongado
Teu negro cabelo, hoje enrolado.
Espero que se repita
O pedaço de El Dorado.
E tal intuição não falhou,
Parecia quase um convite
Que meus azuis contemplou.
Estava já algo impaciente;
Nem por serem poucos dias,
Falhou teu cariz sorridente.
(E como eu gosto que sorrias!)
Será, obviamente prazeroso
A todo e qualquer momento,
Mostrares teu lado gracioso
Oferecendo algum provento.
Hoje, hoje estavas mesmo bonita.
Sobre teu pescoço alongado
Teu negro cabelo, hoje enrolado.
Espero que se repita
O pedaço de El Dorado.
Eden IV
Novamente recorro a ti,
Para resolver a situação,
Pois aqui eu descobri
Como amainar o coração.
Talvez seja p'la natureza
Ou pelos gritos animais,
Que m'envolvem na pureza
De teus contornos especiais.
Por isso, de quando em vez
Venho provar-te a sabedoria
Que m'ofereces com fluidez,
Jardim, que m'ensinas magia.
Para resolver a situação,
Pois aqui eu descobri
Como amainar o coração.
Talvez seja p'la natureza
Ou pelos gritos animais,
Que m'envolvem na pureza
De teus contornos especiais.
Por isso, de quando em vez
Venho provar-te a sabedoria
Que m'ofereces com fluidez,
Jardim, que m'ensinas magia.
Demora-te Comigo
Demora-te comigo...
Esquece o mundo e demora-te comigo.
Não levantes a cabeça
Que descansa no meu peito,
E que ele te ofereça
Tanto o quanto está satisfeito.
Esqueçamos os dois os ventos.
Será p'ra nós, cedo ainda.
Aproveitemos estes momentos,
Pois o mundo aqui não finda,
Enquanto vir tua face tão linda.
Encho de afagos e carícias
Teu fino e insinuante pescoço,
Meus afetos não vestem malícias
(Confesso), ainda que com esforço.
Cofio teu desnudo ventre
Com uma campestre flor.
Sentimos que é latente,
Por muito que se reinvente,
Nós encontrámos... O amor.
E entre mais um olhar
Disfarçando o encantamento,
Deixemos o tempo passar,
Mergulhando no firmamento.
Que este estado profundo
Nos sirva de abrigo,
E nos proteja do perigo;
Esquece o mundo...
Esquece o mundo e demora-te comigo.
Esquece o mundo e demora-te comigo.
Não levantes a cabeça
Que descansa no meu peito,
E que ele te ofereça
Tanto o quanto está satisfeito.
Esqueçamos os dois os ventos.
Será p'ra nós, cedo ainda.
Aproveitemos estes momentos,
Pois o mundo aqui não finda,
Enquanto vir tua face tão linda.
Encho de afagos e carícias
Teu fino e insinuante pescoço,
Meus afetos não vestem malícias
(Confesso), ainda que com esforço.
Cofio teu desnudo ventre
Com uma campestre flor.
Sentimos que é latente,
Por muito que se reinvente,
Nós encontrámos... O amor.
E entre mais um olhar
Disfarçando o encantamento,
Deixemos o tempo passar,
Mergulhando no firmamento.
Que este estado profundo
Nos sirva de abrigo,
E nos proteja do perigo;
Esquece o mundo...
Esquece o mundo e demora-te comigo.
© Rebelo da Costa