Os Jotasilvas - O MAR



Olá MAR, pela primeira vez
Olá MAR, pela primeira vez

Lembro-me de ti
Como se fosse um regresso a casa
Vou sentir a tua falta
O medo de quem não quer partir

E passo por ti
Condenado a sentir um vazio
Na hora de te abandonar
A lembrança de quem quer ficar
Uma passagem que descobri
O adeus, vou partir

O MAR, sou eu e tu
O MAR, és tu e eu

Confesso-me a ti
Momentos especiais ficaram
Lembras-me a vontade
Hoje eu vou ficar

Agarro-me a ti
Confrontando a saudade que sinto
A hora está-se a aproximar
As memórias de quem quer voltar
Um segredo que vou descobrir
O adeus, vou partir

O MAR, sou eu e tu
O MAR, és tu e eu

E passo por ti
Condenado ao vazio
A ânsia de querer voltar
O adeus que não te vou dizer

Espero aqui
Com o MAR controlado
A história de ter um passado
A idade de te conhecer
Vou lembrar-me de ti
O adeus, vou partir

O MAR, somos todos Nós
O MAR, somos todos Nós


© Joana Silva (Privz) & João Silva (Johnny)

Enfim, A Homenagem

 
Há muito mereces, bem sei.
Por isso vou já perguntando,
Pois apenas assim saberei,
Se gostas de ser o Fernando.

Pois é, mui nobre camarada.
Não vivesse eu no incerto,
Tua graça teria decorada,
E saber se preferes Alberto.

Deveria tê-lo memorizado,
Perdoa-me a insensatez.
Desejarás tu ser tratado
Apenas como... Garcez?

Teu nome te direi com carinho,
Será agora fácil a conclusão,
Mas irei dizê-lo, baixinho
Para dares asas à imaginação.

Acorda

Teu corpo parece-me gélido
Tão marmorizado o sinto,
Antes por mim percorrido,
Pérfido agora o pressinto.

Não chega a tua paixão,
Teu cheiro que não tem fim,
Não vivo a sofreguidão
De te ver correr para mim.

Não posso, não quero ou deixo,
Fugir toda esta sensação.
Acorda amor com meu beijo,
Fujamos juntos da escuridão.

Acorda, em mim acorda.
Pois eu só vivo para ti.
Acorda amor e recorda,
Aquilo que te prometi.

Venha, O Samba de Janeiro

Parabéns à dezena
Qu'emociona tod'a nação,
Embora seja pequena,
Inexcedível em emoção.

Nosso estandarte elevam,
Hoje em dia, pouco usual.
Mostram aos que sonegam
O que é ser de Portugal.

Será apenas um jogo,
Qu'inflama, tal metanol.
Ele é a beleza do fogo,
Tão belo é o... futebol.

Só mais um tango argentino,
Melhor que qualquer um.
Pujança tem nosso menino,
Como ele não há nenhum.

Praia-mar

A maré pinta as areias
Com imensa plenitude.
Espumando suas teias,
Espalhando tod'a virtude.

E no cedo ela sobe,
Em sua força brutal.
Ainda que se renove
Permanece, quase igual.

Seus tons bailam espelhados
Em tod'a sua imponência,
Deixando-nos inebriados
Tal a sua, magnificência.

Espectáculo prazeroso
Que sua força infligiu,
Momento tão delicioso,
P'ra quem a ele assistiu.

Uma Última Vez

© Tindersticks


Sinto as tuas mãos agrestes
Afastando o meu, do teu peito,
Há muito perdeste as vestes,
Naquele só teu, belo jeito.

Meus lábios roubam-te um beijo
Molhado, apaziguando a revolta,
Mesmo não nos matando o ensejo
Perdura nas asas da reviravolta.

Pouco ou nada será diferente,
Nossos corpos sabem o caminho,
O meu, calará o teu demente,
O teu aguarda-me qual ninho.

Então dá-se a primeira estirada,
Abrindo-nos um novo horizonte,
Tu embainhando minha espada,
E eu, desbravando o teu monte.

Em uníssono somos ritmados,
Seguindo uma só direção.
Nós dois assim motivados,
A receber tamanha explosão.

Tão perto do fim a subida,
Que apaga então tod'o lume.
A vitória foi bem merecida,
Descansemos, então neste cume.


Da Cruz Francisco

Escrevo a Vós

Escrevo a ti Francisco inspirador
Sei o que sinto
E não minto
Apenas sou
Mais do que começou

Escrevo a ti dissimulado
Sabes, não minto
Apenas pressinto
Que o mundo parou
E... reiniciou

Escrevo a ti Rebelo companheiro
Que trazes poesia
O que não acontecia
Quando eras trovador
E escrevias d'amor

Escrevo a ti cancioneiro
Poeta da lasciva
Mestre da repetitiva
Camarada sobranceiro
Meu poeta guerreiro


Viriato Vaz

Bem-vindos ao Reino Maravilhoso

Que gelo que aqui está,
P'la escarpa ele aparece,
Embora se diga por cá,
Qu'o sol não desvanece.

Porém o frio não cessa,
No ar já se sente orvalho,
O quente não se apressa,
Não chega um só borralho.

Na terra antes molhada,
No monte assim s'instala.
Já desce a fina geada,
Dando fumo à nossa fala.

No céu já ela desperta,
Matando tod'a ilusão.
Lá cai a alva coberta,
Liguemos então o fogão.

Será então com borrego,
Por cá, tão bem criado.
Por fim me aconchego,
Com tinto aromatizado.

Duas Mãos Entrelaçadas

- Escrevo com a direita
- Minha esquerda é perfeita.
- A minha mais escorreita
- A minha vá, não te enjeita.

- Tu és metódico e louco
- Tu cancioneiro romântico.
- Deves-me conhecer pouco
- Sei todo teu nível semântico.

- Olha que não estou a brincar
- Eu sei que não meu tonto.
- Julgas que me vais ultrapassar
- Já o fiz, até já não usas ponto.

- Tens razão, são desventuras
- Assim até m'envergonhas.
- As premissas serão puras
- Torna-as também risonhas.

Rebelo da Costa & Da Cruz Francisco

Ode ao Camarada Sandman

Ao criador do parentesco
Que vai à linha cruzar,
Seu espírito trovadoresco
Põe toda a curva a cantar.

Pois é bravo pescador,
Barco e nome partilhamos.
Hoje gritamos com fulgor,
Num brinde, comemoramos.

Ele é um bom companheiro
E nos cliques é insano.
Salvas nosso timoneiro,
Alegria a ti, meu Oceano.

P'ra Cá da Cortina

Um poema faço por dia
Mais faria se te tivesse
Mas eu só faço poesia
Para quem... a merece

Com toda a'legria
Que tua cara transparece
P'ra lá da cortina nascia
A musa que de lá, não parece

Porém hoje senti tua face
Teu corpo que me fascina
Embora te abandonasse
Minh'alma... já alucina

E sem que o concretizasse
Espera por mim, ó menina
Ainda que m'embarace
Ele será nosso Czarina

© Rebelo da Costa