XIII [Soneto do Pau Decifrado]

É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:

Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:

À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carvalho ser falta-lhe um U; [carualho]
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.


Manuel Maria de Barbosa l´Hedois Du Bocage

2 comentários:

Rebelo da Costa disse...

deixa lá. Eu gosto de ti Bocage

Areias disse...

ja era fa depois do auto da barca do inferno, agora ainda mais ;)

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