Hey Now

© London Grammar

Ridi Pagliaccio

No "caras" esteve para ser,
Mais um abraço sem tema,
Mas como posts não sei fazer,
Lá terá de ser por poema.

Tendo em conta o teu cariz,
E primor em tudo que faço,
Dou-te um vermelho nariz
Visto seres... O Palhaço.

Imagino que estarás bem,
E sabes, por seres sagaz,
O que realmente convem,
É ser certinho e fugaz.

Valentine's

Como teu coração é perfeito
Assim. É belo mesmo assim,
Posicionado desse nobre jeito
Aguardando a flecha de S. Valentim.

Deixas antever a silhueta
Formosa, totalmente simétrica,
Rodeada de renda preta,
Repleta d'intensidade poética.

Ofereces-me trufas castanhas
Entre suspiros desmedidos,
Devoro-as até às entranhas
Com loucos ataques destemidos.

Inspiras-te a data, o momento,
Perpetuas-te o belicoso evento,
Embora não fosse esse teu intento.


Da Cruz Francisco

Untitled #8

© Sigur Rós

Temple of Love

© The Sisters of Mercy

Capitão, Meu Capitão

Onde estás meu amigo,
Meu amante, meu pendor,
Sem ti eu não consigo,
Acalmar este estertor.

Onde, onde, diz-me camarada,
Onde desagua a tua virtude,
Onde estremece tua passada
Plena de sapiência e vicissitude.

Faltas-nos, tanto, consciência,
Bálsamo, despótico lápis azul,
Mata-nos, devora-nos tua ausência
Nosso nobre, ilustríssimo Cônsul.

Somos, estamos tristes, acredita,
Salva-nos, se a vida tu permita,
Culminando da forma, tua favorita.

No Velho Coreto Abandonado

No velho coreto abandonado,
Mais um marco, uma vitória.
O momento ficou gravado
E ecoará p'ra toda a história.

Deslizámos no frio prado
Onde se cumpria tradição,
Já longe do chão molhado
Ouvimos gritos da multidão.

Descemos então à calorosa gruta
Do nosso ponto d'encontro francês,
Clássico, contemporâneo em disputa,
Ao som do rock perdemos a timidez.

No meu fogoso peito alvinegro
Sentiste a força do meu pulsar,
No ouvido pousei-te um segredo,
Que está ainda... por revelar.

Banhados na embriaguez dos sentidos,
Resvalavam os nossos pensamentos,
Foram rompantes, irreflectidos
E libertaram-nos nossos intentos.

Pousei a mão no teu dorso,
Ou pousaste a tua no meu.
Ainda que turvo, faço esforço
De recordar como aconteceu.

Nossos lábios estavam prometidos,
Destinados a uma dança final.
Nossos corpos compelidos
A viver algo especial.

(Quem) Serás Tu?

Quem és brisa do ascensor,
Sopro de firmamento etéreo,
Simples sorriso devastador,
Aurora de ânsia e de mistério.

Donde são teus cabelos fogosos,
Tua marcante figura altiva,
Teus olhos mais que formosos,
Tua identidade ainda furtiva.

Diz-me, canta-me tua graça,
E novamente nos encontraremos.
Revela o ocaso desta desgraça,
P'ra que embevecidos fiquemos.

Confessa que não foi feitiço
Ou um qualquer encantamento,
Que este sentimento afogadiço
Respirará com tod'o alento.

Conta-me que fomos imagem em tela,
Um romance de sétima arte
Que a nossa estória será bela
E nos cruzaremos em qualquer parte.

© Rebelo da Costa