20 horas antes...
-Então, quem falta?
-Oh, o Cabrão, claro.
-Sempre a mesma m.....! P... q....!
-E o Palhaço?
-Já saiu, vem ai.
4 horas depois...
Entre cabos para a frente, cabos para trás...
-Tenho de ir lá cima..
-Liga ao Alex...
-F...., sempre a mesma m.....
-O que queres? isto tava a dar.
-Claro!!!!!!!!!!!!!!
-F...!
-Não sei do meu guião.
-F..........! Faz 3. Sempre a mesma m.....!
30 m de acertos depois...
-Então vá, manda as primeiras falas....
-Mas falta o Hugo.
-F....!começa, ainda falta para a parte dele.
-A meio do primeiro acto...
-Ninguem se dignou a trazer gelo?!?"?
-Anda lá, tamos bem....
-Pois tamos ,isto é ping-pong.
-Quero ver mas é a seguir...
-O terceiro, nós só ensaiamos 3 vezes.
-Relaxa, esse somos só nós os dois....
20 m depois........
-Não filho, agora é a parte do "Olá cara Leonor".
-Então já não fizemos essa?
--Não, agora é a parte da revelação....
-F..... , tá lindo.
Depois de sabermos que era preciso um ponto....
-Pá , tá bom, manda já o segundo.
-Ansky, tens de tar mais atento as tuas entradas.
-F.....! u nem sei onde voces andam....
-Tens de ver no fim das falas.
Cerca de uma hora depois... e com coreografias incluidas pela primeira vez....
-Isto tá uma catastrofe, não temos hipotese, até o que sabiamos tá a resultar mal.
-Calma, o Pastor vai fazer de ponto, não temos hipotese.
-F....! Ele nem sabe as falas.
-Tou é preocupado com o moulin, és capaz?
-Tou a morrer, f.....!
-C......., disse-te para ouvires a musica! Era só seguires.me.
-Não consigo.
- Ok. Ankhy, aponta pra fazer.........
30 m depois.........
-E os barcos filho?
-Como vão ficar?
-F....! oh Garça, f....., se não fazes nada vai buscar de beber.
-E a parte do combate?
-Se ficar bem amos safos....
-Filho, isto não tá a sair bem.
" Uma Estória que não para de acontecer..."
Deslumbramentos
Milady, é perigoso contemplá-la
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.
Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, senguindo-lhes as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes complicadas!…
Em si tudo me atrai como um tesoiro:
O seu ar pensativo e senhoril,
A sua voz que tem um timbre de oiro
E o seu nevado e lúcido perfil!
Ah! Como me estonteia e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!…
Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!
O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demónio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pêlo dum regalo!
Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana de Áustria mostrava aos cortesãos.
E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como a um brilhante.
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão-de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.
E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei-de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos - as rainhas!
Cesário Verde
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.
Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, senguindo-lhes as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes complicadas!…
Em si tudo me atrai como um tesoiro:
O seu ar pensativo e senhoril,
A sua voz que tem um timbre de oiro
E o seu nevado e lúcido perfil!
Ah! Como me estonteia e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!…
Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!
O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demónio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pêlo dum regalo!
Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana de Áustria mostrava aos cortesãos.
E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como a um brilhante.
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão-de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.
E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei-de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos - as rainhas!
Cesário Verde
Sofrimento
Como é possível assim sofrer?
Com lanças e cortantes a actuar,
É fogo que consome as entranhas a arder,
É um peso que não deixa respirar,
É impiedoso e dá vontade de morrer.
Com lanças e cortantes a actuar,
É fogo que consome as entranhas a arder,
É um peso que não deixa respirar,
É impiedoso e dá vontade de morrer.
© Rebelo da Costa